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terça-feira, 20 de outubro de 2015

Tragédia Pt 1

Poetizações drásticas
De uma mente ofuscante
Meu lamento tornou-se pó
Diante das grandezas, miudeza
Sou diamante “auto-lapidado”
Pérola aos porcos
E junto as minhas pedras irmãs
Como imãs a colar em meu ócio perigoso
Atraio jogos de covardia e coragem
E do alto do precipício
Como é longa a vista
De todos os rostos sobressaltados
Enterrados num mundo “retangulado”
Embrulhados numa carapuça mal vestida
Que nojo
Que asco!
Aqui é penhasco!
E como é triste a sina do saber e compreender
Pior que sorver toda agonia
Preso às correntes
Reforçadas por um mar de sorrisos contentes
“Você será alguém”
Eu ouço com receio
A vida é um freio
E eu a inércia.

sábado, 5 de setembro de 2015

Maior que tudo

Emaranhado de coisas
Coisas e mais coisas
Tudo pelo chão
Quem dera a alma sorvesse
Quem dera morresse
Talvez os olhos se voltassem
E as mãos aplaudissem
Talvez fosse um belo funeral
E muitos viriam dizer
Mentiras e mais mentiras
E todas aquelas sandices
Ah! Quem dera a terra
Absorvesse tudo, mas...
Nem a terra me pode
Nem me cabe
Nem me comporta
 

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Mortilenta

O quarto está sujo
Bagunçado como minha vida
A maçaneta há dias coberta
Encobre a saída
Não quero ver
As cortinas cerradas
Não entra sol
Só agonia
As hélices empoeiradas
Já nem querem mais correr
Os cobertores emaranhados
Você precisa de mim...
Eu sei...
E você diz "i want you"
Mas eu nunca ouço nada
Nas paredes crescem o bolor
A vertigem
E essa ironia ezul-céu
Como se eu quizesse imitá-lo
Pra pensar voar de vez enquando
Nem rola!
Os retratos estão parados
Talvez lamentando sem parar
O violão está parado
Tudo...
Exatamente tudo está...
Irritantemente parado
E nem as botas firmes estão de pé
Eu deveria rir
Tamanho o sarcasmo deste quarto
É todo um espelho
Reflexo do meu interior


- Flávio Santos

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Pequenos infinitos

"Nossa vida é feita de pequenos infinitos que
aos dias vão se acabando enquanto muitos outros nascem sem a gente perceber"
-Flávio Santos

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Vida Liquida

Acorde um novo dia
E veja as manchas do dia que foi
Entre novos perfumes e medos
Entre novos rostos e amores
Os dias vão entre seus dedos
E seus olhos já não conseguem alcançar
Somos todos nós voláteis
Cruéis amadores
A vida é aleatória
A incerteza é linear
Compre um novo produto
Acerte o emprego do ano
O carro do ano
O mundo é todo seu
O dia de ontem passou como um flash
E e você nem pôde ver
O amor era pluma
E o vento leve soprou
Sim! você estava aqui
Mas a sua infinidade se secou
Pessoas são fúteis
Tudo é fútil e esvai com o tempo
O mundo é todo liquido
Quem sabe um outro dia
Amahã talvez... Talvez!
Todos nós somos gelo ao sol
Esperando a noite fria
Pra sofrer em si e se matar por dentro
Pra morrer a cada sono
E viver os sonhos em si, adormecidos
A saudade se renova a cada dia
Do tempo que havia mais juventude
E tudo parecia feito de concreto
E as flores eram lindas
Hoje elas são objetos de comércio
Acorde mais uma vez
As manhãs tem menos horas
A tarde já nem aparece
A noite perdeu-se no dia
E o tudo escorre... Tudo corre
E com o tempo, tudo esconde
Tudo morre

(Após ler Zygmunt Bauman)

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Menina dos sonhos

Era linda...
Absurdamente linda, aquela menina
Seus olhos castanhos cor de mel
Faziam par romântico com a luz do sol
Seus cabelos escuros ondulados
Grandes como as cordas do tear
Negros feito a escuridão do céu à noite
Era lindo também seu corpo
De uma estranha perfeição
Perfeitas e suaves curvas
Escupidas com a leveza da natureza
Até me lembro quando pude sentir
Seu toque feito pluma
Seu beijo feito cinema
Seu olhar feito brasa
E quem dera todos os dias vivêssemos
E sentisse eu teu sopro, teu fôlego...
E por vezes fosse eu, o culpado por perdê-lo
Não fosse tu a menina dos sonhos
E só existisse sua psiché dentro de mim
Não precisaria mais adormecer
Mas só te vejo de olhos fechados
Completamente entorpecido
Voluntariamente extasiado
Menina dos sonhos...
Um dia te encontro, pra sonhar acordado. 


Flávio Santos

Perdidos do ócio

Perde tua face
Sufoca teu ócio
Tu és o brinquedo
Experimento conduzido por...
Sabe-se lá quem
Arranca teus sonhos
— Num mar de sonhos, mergulha!
Pula! No abismo do socorro
Somos o medo de nós mesmos
O vazio de nossos corações
A busca insaciável
A luta incontrolável
Aleijados sentimentais
O ultimo dos "ais"
Desce pelo suspiro
Da tua própria agonia
Pois dessa vez foi entendido
Somos o tempo perdido
De um tempo que não passou
Pertencemos ao passado
E mais ainda ao passado
A tribo dos incompreendidos
Descartados
O corpo inerte
A física da lágrima...
Sossega teu ócio
Perde teu medo
Tu és o brinquedo
Que não há de ser


Flávio Santos

Funeral de teus olhos

Eu vi teus olhos a observar
Na esquina da rua eu vi teu olhar
Decifrado em palavras
Seria sublime o momento
Seria perfeito o contentamento
Eu senti teus passos a caminhar
E foi-se feito o vento
Feito um corte de foice
Levou como leva a enchurrada
Numa chuva de açoite
Eu li tua boca ao sussurrar
O que sussurrara toda noite
Mas esvaiu-se a palavra
Como doce entregue as formigas
E teu sentido realmente belo
Sob a cor da morte
Morrera nas palavras
Sem um tom sequer de sorte


-Flávio Santos

Contra a parede

Feito vertigem
O tempo para sob os pés
Como num giro de carrossel
E o simples medo de cair
Como criança perdida
Em meio a multidão me encontrei
Sem nada
Mendigando emoções
Na calçada dos largados...
Meio fome, meio angustia
Sempre o medo de viver
Total perdido
Total confusão
Sempre rosto derretido
Fundido na expressão de lamento
E sem contento
Ouvindo vozes dos loucos e pirados
De almas escapadas
E sem contento
Me jogo do alto rumor de minha vida
E deixo de lado toda razão


-Flávio Santos

Coisa passageira

A vida inteira agora parece um deserto
E a vasta imensidão de meu futuro
Já não me parece tão atraente quanto dias atrás
Perco meus dias...
Como perdem as arvores teus galhos perante a foice
É tudo sempre igual
Tal qual circulo vicioso
A existência é dadiva mesmo inútil
Perco meus dias...
Como some a imagem de teu "algo" a cair num poço profundo
E acordo dia após noite
Ouvindo de leve o sussurro da morte
A pregar meu próprio velório de homem vivente...
A distância aparente da lágrima futura
Se camuflando entre minhas futilidades
Imbecilidades
Burrices
Sonhos
Existo de olhos vendados
Com medo de desatar o nó
E enxergar a verdade
Me tornar pó


Cidade dos pesadelos, Bairro da tormenta

Rua de sonhos Traduzida em destinos lentos
Mundos vagarosos
Caminhando com pés de caracol
Rua dos sonhos
De meninos livres
De meninos lindos
De homens presos
Homens amordaçados
Rua dos sonhos dos sentimentos
Das pequenas paixões
Dos grandes amores
Dos imensos desvelos
Desalentos, lamentos
Choros e vela
Fumaça e solidão
Rua dos sonhos e medos
De vida vazia
De vida medíocre
De musica boa e caras caídas
De olhos fitados e unhas roídas
Rua do nada...


- Flávio Santos

Procura-se Sr. ...

Já não há mais respostas
Há um desencontro interno em mim
Já não há mais caminho certo
Apenas milhares de trilhas
Milhares de caminhos
Intensos e tortuosos
Em tenho medo de seguir...
Preciso andar e escolher
Preciso viver minha lenda pessoal
Preciso encontrar a trilha certa
Mas me perdi...
Nos mesmos ladrilhos que finquei no chão
Sem saber o destino
Sem saber a hora
Já não há mais poder
E por mais que eu tente ser forte
Já sou forte de mais pra me permitir
Embora fraco de mais pra desistir
Contudo fraco de mais pra prosseguir
Aparece em mim o desatino de odiar-me
A necessidade de conter-me
Perante os ânimos e desânimos
A flor murcha da pele
Tal qual minha expressão se faz vazia
Cheia de todas essas loucuras
Penso estar enlouquecendo
Mas não quero perder
Tenho medo de perder
Penso estar morrendo
Mas tenho medo de viver
Penso estar vivendo
Na certeza de cada dia quase-morrer


- Flávio Souza

Sobre uma mudança

Como num suspiro
Ou um único piscar de olhos
Roubei a vida
Roubei a dor
O medo
A cor
Ladrão de meus próprios mundos
Eu roubei minhas próprias lágrimas
Do atrito estático com meus olhos
Da relação intensa com meu existir
Eu desisti de desistir
Caí no ópio do mundo
Ganhei o medo do porvir
Maior que o de antes
Garanti o sorriso de hoje
Na incerteza do amanhã
Sonhei os sonhos proibidos
De olhos abertos
Sonhei meu universo
Utópico
Irônico
Irresistível
Como todo mundo sonhado
Desigual
Incompatível
Inconcebível
Maior ainda
Que a irremediável queda
Assim como a certeza do meu futuro perecer 


-Flávio Santos

Ponto

Prefiro mesmo estar parado
Que a banda toque na rua
Eu fecharei minhas janelas
Estou escravo do mundo
E não há nada que eu possa fazer
Mais um parafuso tensionado na grande engrenagem
E sempre foi assim
Quer saber!?
2010 era futuro
Agora um distante passado
E eu sempre estive aqui
E todos sempre reclamaram
De meu sorriso escasso
De minhas palavras raras
E eu sempre quis morrer
Ou experimentar outros mundos
Até porquê eu sempre reclamei
Do amor escasso
Das verdades raras
Então que passe a merda da banda
E toque o quanto quiser
Eu fecharei minhas janelas
E nunca mais estarei de pé
Por simples desejos ditos infantis
E quem se importa??
Minha vida não passa de um dejeto
E não por depreciação
Pois todos são como eu
Embora muitos não o saibam
E não me espere pro jantar
Eu votarei tarde...


- Flávio Santos

Mais uma de terror

Eu hei de derreter entre os sóis e carnavais
E sucumbir ao plano medo contínuo
Despejando lamentos sobre o mundo
Já foram asas cortadas
Dias de olhos chuvosos
Desejos de pura carne
Haverei de suportar os tais
Operar meus sonhos
Cirurgicamente...
Achatar meus dias por debaixo da terra
E planejar o triunfo ralo
O triunfo mascarado
Almejar o tesouro perdido
Nunca encontrá-lo
Espalhar palavras vazias
E machucá-los
E despejar os inquilinos
Eu hei de derreter ao som dos carnavais e sóis
E percorrer a sarjeta
Até encontrar-me só
Irrequieto, de pés de compasso
E olhos mergulhados
De pelos eriçados
Buscando um sono de clave
Ou talvez um químico torpor
Para o adorno de lençóis
Me soldar a morte
E eu sonhar um sonho
De não haver despertar


-Flavio Santos

Melhor assim

E eu farei de ti meu canto
Meu encanto
Meu sabor
E converter meu mundo em cores
Diversos tons de azul
E eu terei mil dias e mil noites
Não! Não!
Milhares de dias e noites
Não!
Talvez infinitos dias e noites
Sim!
Perfeito assim...
E te beijarei a luz do luar
À sombra de uma arvore
Nos quatro cantos desse nosso lar
Talvez até no ar
Sim!
E irei fantasiar nosso ser
Cada dia mais haverá de ser
Cada vez mais doentio meu ser
Pelo teu amor
Pelo teu torpor
Pelo meu ódio vão das coisas inexplicáveis
Pelo meu sentimento inexorável
Ah, sim!
E quanto irei devanear
E suspirar
E chorar de pensar em qualquer fim
E farei poesias
E cantarolarei dias e dias
Contemplando a tal perfeita sintonia
Ao dizer assim:
“Ah, eu haverei de te amar todos os dias”
Suprimindo o leve medo –contínuo-
De talvez haver um fim
Não!
Não acreditarei em tal mentira
De tal medo haver em mim


-Flávio Santos

Pecado delicado

Recuei do teu papo
E desenhei tuas linhas
Ou talvez tua silhueta
À luz do neon vermelho sangue
Vermelho desejo
Projetando tua carne no lençol
Desisti minhas palavras
E mastiguei o vício
Degustando o calor
O calor
O sabor
O querer
Entre toques ácidos
Teu corpo queima minha pele
Em voz nua e crua
Feito teus olhos e teu corpo
A vontade é de gritar
A vontade é de comer
Seus pensamentos feito chamariz
Eu pude lê-los
Com meus dedos
Marcando pernas e colos
Eu pude sugeri-los voraz
Em teus ouvidos pecaminosos
Eu pude suplicá-los
E ingerir o tornado
O teu pecado delicado
Como um estoque de adaga
Bebi do teu veneno posto em cálice
E revirei meus globos oculares
E o rouco tom de minha voz
Rasgou o véu do silêncio
Do terremoto em meus lábios
E não havia mais chão
E nem ao menos Deus
E nem o ar em meus pulmões
E nem a vida em meu corpo
Morto de prazer
Do mar morto ao meu redor
Te absorvi
E da música corporal, calei
Pra conversar dentro de ti
E desejar morrer outra vez

Os desembalos de um fim de sábado

São esses solos de guitarra
Me impondo arrepios
São essas frases
Essas verdades
Me beijando os ouvidos
É esse soco no peito
Essa magoa contida
Esse completo desrespeito
Escorrendo entre os dedos
Vivendo entre as frestas
De sol
De chuva
De ar
São esses olhos corridos
Asas de beija-flor
E o grito travestido
Convertido em palavras
É esse doce meio-amargo
De se querer e não poder
De saber e se calar
De correr e chorar
E mentir os demônios
Ao cheiro da carne crua
A vida é nua
Efeito rarefeito
Não venha negar...


-Flávio Santos

Mono-tonia

E cada pensamento que me cerca
Bicolores são meus dias
Minhas lágrimas
Meus sorrisos e agonias
Eu sinto assim esse mundo
Nessa desritmia
Nessa completa mania
Onde tudo é meu
Onde nada é meu
Por mim morreria
Mais dia mais dia
Por mim viveria
É o mundo de negócios
Esse tempo corrido
A natureza toda bela
O sorriso
Ora de canto
Ora de boca
Esses prédios feio-lindos
Essa cidade cinza-colorida
Essa namorada que amo
E a musica que mata-vive-revive-sobrevive
Sim também há o tempo adocicado
Meus amigos lado-a-lado
E ningém do meu lado
Talvez eu seja assim essa cavalo alado
Preso ao chão por um pesado arado
Cortando a terra de raça pura
Fui feito para correr e morrer
Pra subir e descer
Nessa eterna sofrida-alegria
Nessa vida cheia-vazia...


-Flávio Santos

O tempo que me cerca

Fugaz é o tempo
Que me escapa pelos dedos
Dia após dia
Fugaz é a vida
É cada olhar
É cada sussurro do vento
É o tempo
É o tempo
É a vida meu caro
E seus desatinos
Minhas palavras são do momento
Embora leiam-me por dentro
Eu sei quem sou
Ao mesmo passo que me perco
Ligeiro é o caminho meu caro
E meus pés são desatentos
Devagar o meu caminhar
E das coisas não ando sabendo
Não
Eu não vou à cavalo
Sigo de tempo em tempo
Tentando pular no vazio
Pra agarrar o nada
Fugaz sou eu meu caro
E meus olhos
Meu corpo
Minha existencia
Fugaz é meu tempo
É meu tempo meu caro

-FIavio Santos

Uma só

Milhares tu é
Vários bocados
Vários quebrados
E choras o fim
E ri o começo
E tens saudade
E devora
E apanha
E tanto estranha
Que de si, morre
E dizem assim
Uns aos outros
Entre bocas e sexos
Entre ódios e socos
Que de tu mesmo
Nasceu a espada
E também o beijo
Que viveu o mundo
E matou o mesmo


- Flávio Santos

O dia da caça

E no mesmo espelho que te vejo reflexo
Ouço de ti o grito em canção ardilosa
É sim assim a voz pavorosa de teu lamento
Sublime lamento tal o órgão melancólico
Espadas cortaram-te o corpo
Sorrisos sagraram-te os olhos
Tão somente os ombros marcados
Entre as flores e os sexos
Entre os rios de pecado subiu teu ódio
E os punhos dilacerados
Surraram o dia e a noite para espantá-los
Espantar os mortos e os semi-vivos
Tornou-se túmulo
Ao súbito inverno da alma
Onde as psichés vagam entristecidas
E os devaneios somem na fumaça do teu mundo
Onde a lama escura recobre teus pés
E a úmida noite afasta os quase-bons
Empalidece a cada pranto
E o silêncio te corta a nuca
Te cerra a nota fúnebre do vazio
O zelo do tempo sobre tua carne é de apavorar
Sumiram os dias, como pó de giz ao vento
Descobriu-se voz aquebrantando as lágrimas cedidas
Lágrimas ácidas cedidas vagarosamente
Da luta vã de levantar-se e sobreviver
Dos brilhos escassos
E entregou-se
A promiscuidade desesperada
E aos vulcões instáveis da felicidade comprimida
Ao som das bachianas
Entre as quatro sólidas
Perante teu rosto sorrindo risos de pecado e fé
"Não há de quê" diria a qualquer ponta-pé descabido
Pois há aqui ou aí em ti uma certa punição a se receber
Pelos infames pesadelos e sonhos
Pelos olhos infantis
Pelas quase-mortes concebidas em si
E nas sombras das águas eu vejo teus sonhos
Como asas de pássaros flamejantes
Como albatrozes viajantes
E torrentes de todos aqueles querubins
E por entre os pedaços de céu
Caídos por aí de tuas vidas
Eu pude ver teus desvelos
Tuas desventuras murmuradas
Suas quedas contínuas rumo ao abismo contente
Perigoso abismo do submundo
Cruel e inabalavel
Metido por entre as pernas de fininho
Pra se esconder dos podres por aí
Pra esconder teus podres e poderes por aí
Foi numa visita epilética aos teus olhos intensos
Onde ficou visível toda a compreensão de mundo
A violenta dança de todos os homens mortos
A vida fugaz
O assassinato incapaz de si mesmo
E Cronos vivendo e morrendo em sua cabeça
Mil por hora seus pensamentos, cada um
Cortados seus braços que outrora curtos eram
E tuas pálpebras arrancadas de punhal
Fora sim forçado a ver cada pedacinho
Cada gotícula da chuva negra
Cada crucificação de teus ídolos
Partidos
Negados
Antagonistas
É assim
Eu te ceguei hoje
Não poderás mais ver
Nenhuma cor
Serei tua maldição eterna
Tua bendita maldição
Teu assassino livrador


-Flavio Santos

Dia ácido

O poeta
Imortal em seus infinitos
Deseja sucumbir
Mas parece penitência
Como um plano dos astros
Pra ver se o santo é forte
"Ver o que é bom pra tosse"
Enquanto o poeta torce
Pra dar um jeito em seu destino
Talvez um desatino
De ser atropelado
Ou morrer de bala perdida
Em meio a multidão
Seria boa a partida
O desfecho da oração...
Talvez o mundo não seja meu
Assim como também minha existencia
Talvez o dia não ganhe um fim
Como diz a aparência


-Flavio Santos

A cidade que você vê. Itabuna

Pelos meus olhos, Itabuna poderia ser chamada de Cidade Tristeza, aqui todo mundo tem um desvelo, uma tristeza, um medo; todo mundo vive na vontade de algo melhor, mas não tem. Itabuna também poderia ser chamada de Cidade Sem Sorriso... você caminha pelas ruas sem motivo pra sorrir direito, não tem nada pra fazer aqui. Se você saísse agora para fazer algo de novo, o que seria?
Itabuna poderia ser chamada de Cidade Traição, onde todo mundo tem algo a esconder, algo a não aparecer aos olhos de outros. Itabuna também poderia ser chamada de Cidade das Segundas Intenções... talvez a namorada do seu melhor amigo, queira te beijar.
Poderia levar o nome de Cidade Mentira, Cidade Ilusão, Cidade Mau cheiro (em muitos significados) Cidade Drogada, Cidade Morta, Cidade Depressão, Cidade Fria (embora seja quente) Cidade Inferno, ou, Cidade Penitenciária... aqui todo mundo paga seus pecados ,e, a propósito, Cidade Pecado também é um nome que convém para esse lugar onde chamamos de lar. Lar, cheio de depravação, Itabuna também poderia ser: Cidade Depravação, e muito sem conteúdo.
Itabuna é uma faca
Uma cidade que fere
E como um corte
Arde todos os dias
Na nossa pele
Nessa cidade nua e crua
Nessa energia suja que sobe do asfalto imundo às nossas narinas
Nessa completa falta
Nessa vida comprimida e vazia
Nessa agonia
Dia após dia...

Itabuna poderia ser chamada de... Cidade Confusão, de todos os modos, as vezes não se sabe onde ir, as vezes, não se sabe nem ao menos quem se é. Mas concluo por mim e por todos também que Itabuna, realmente, poderia enfim, com a junção disso tudo numa palavra só, Itabuna não é que nem "SP" onde não há amor, e, se transplantássemos a música para nosso contexto ela seria: "Não existe nada em Itabuna" e onde "nada" reina e nosso mundo cai, Itabuna recebe o nome de: "Cidade Melancolia"
-Flavio Santos
(Baseado em minhas conversas com meus irmãos Lauro Lauro Araújo e Cassiano Lacerda , a quem agradeço)

quinta-feira, 12 de março de 2015

Olhos infantis

E eram olhos de vazio
Olhos de madrugada
E eram vistas de horizonte 
De medo e amor
Cercados de super cores
Super ventos
Super sonhos
Super vazios
E foram olhos de devoção
E foram olhos de criança
De choro e frustração
Ainda olhos de horizonte
Olhos de querer
Super sonhos
Super vazios
Super erros
Super amor
Sou criança feito as de verdade
Sem olhos de realidade
Sou criança
E tenho medo da verdade