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terça-feira, 25 de agosto de 2015

Mortilenta

O quarto está sujo
Bagunçado como minha vida
A maçaneta há dias coberta
Encobre a saída
Não quero ver
As cortinas cerradas
Não entra sol
Só agonia
As hélices empoeiradas
Já nem querem mais correr
Os cobertores emaranhados
Você precisa de mim...
Eu sei...
E você diz "i want you"
Mas eu nunca ouço nada
Nas paredes crescem o bolor
A vertigem
E essa ironia ezul-céu
Como se eu quizesse imitá-lo
Pra pensar voar de vez enquando
Nem rola!
Os retratos estão parados
Talvez lamentando sem parar
O violão está parado
Tudo...
Exatamente tudo está...
Irritantemente parado
E nem as botas firmes estão de pé
Eu deveria rir
Tamanho o sarcasmo deste quarto
É todo um espelho
Reflexo do meu interior


- Flávio Santos

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